Extensão: 360 metros
Bairro: Paraíso
Lei 44/1966
José Bonifácio de
Andrada e Silva (13/06/1763 – 06/04/1838), conhecido como o “Patriarca da Independência”,
além de um estudioso, pesquisador e catedrático professor especialmente da área
da mineralogia, também foi um estadista brasileiro, tendo assumido destaque
incontestável nos acontecimentos que envolveram o processo de independência do
Brasil. Sua trajetória de vasto conhecimento cultural e científico,
participação no processo de independência de seu país e no início do governo
independente lembram em muito a história de Benjamin Franklin, nos Estados
Unidos.
Oriundo de rica família da
cidade de Santos, José Bonifácio frequentou cursos em São Paulo e também na
Universidade de Coimbra em Portugal, para onde foi com 20 anos de idade. Na
Europa, paralelamente a seus estudos, teve contato com os ideais da Revolução
Francesa e com a recente independência dos Estados Unidos. Estes ideais viriam
a fazer parte de suas convicções e pensamentos.
Demonstrou aptidão pela
mineralogia e história natural, o que o fez empreender, às custas do Erário Real
português, uma excursão científica pela Europa, adquirindo conhecimentos e
passando de um dedicado estudante a respeitado mestre em sua área.
Retornando a Portugal, ocupou
a cátedra de Metalurgia da Universidade de Coimbra, especialmente criada para
ele. Exerceu também postos de comando militar, especialmente na defesa das
cidades de Coimbra e Lisboa quando da invasão das tropas francesas a Portugal,
que desembocaram na ida da corte para o Brasil em 1808.
Retornou ao Brasil em 1819,
com 56 anos. Tinha passado trinta anos na Europa e o país que deixara como uma
colônia, agora era Reino Unido de Brasil, Portugal e Algarves, e a sede da
monarquia. Mesmo assim, viu que muitas das coisas que havia deixado para trás
continuavam como estavam, especialmente a questão da escravidão.
Em 1820 assumiu o título de
conselheiro do reino e, com a volta de Dom João VI a Portugal em 1821, começou
a assumir um papel preponderante na construção da Independência do Brasil.
Percebendo movimentos oriundos
de Lisboa que tentavam a todo custo estabelecer normas e leis que objetivavam fazer
com que o Brasil voltasse a ser tratado como colônia, promovendo divisões entre
as províncias e solapando o poder e a influência do príncipe regente, Dom Pedro
de Alcântara, José Bonifácio iniciou um movimento de reconhecimento da
autoridade do príncipe regente e não das Cortes portuguesas.
Dentre suas ideias e
princípios que previam o estabelecimento de um governo geral sob o comando do
príncipe regente, aparece pela primeira vez o conceito de criação de uma cidade
no centro do Brasil para exercer a função de capital e centro administrativo.
Entretanto, em 9 de dezembro
de 1821, chegaram ao Rio os textos dos últimos atos das Cortes que criavam
governos provinciais anárquicos e independentes, mas sujeitos a Portugal,
determinando o regresso o quanto antes de D. Pedro para uma viagem, incógnito,
aos reinos de Espanha, França e Inglaterra. Nada mais poderia manter a ilusão
da continuidade do sistema de reino unido. As Cortes pretendiam anular a obra
de D. João VI, fazendo de cada província brasileira uma província de Portugal.
José Bonifácio foi o principal
articulador de um movimento que acabou por alterar a disposição inicial de Dom
Pedro de ceder aos interesses portugueses e passar a aceitar a condição
desejada pelos brasileiros, a de fundar um novo Império no Brasil. Uma carta
sua ao príncipe não deixa dúvidas sobre sua enérgica posição, quase em tom de
ameaça:
"É
impossível que os habitantes do Brasil que forem honrados e se prezarem de ser
homens, e mormente os paulistas, possam jamais consentir em tais absurdos e
despotismos. V. A. Real deve ficar no Brasil quaisquer que sejam os projetos
das Cortes Constituintes não só para nosso bem geral, mas até para a
independência e prosperidade futura do mesmo Portugal. Se V. A. Real estiver
atraído (o que não é crível) pelo deslumbrado e indecoroso decreto de 19 de
setembro, além de perder para o mundo a dignidade de homem e de príncipe,
tornando-se escravo de um pequeno número de desorganizadores, terá também que
responder, perante o céu, do rio de sangue que decerto vai correr pelo
Brasil".
A carta chegou às mãos do
príncipe no Rio de Janeiro em 1º de janeiro de 1822. Oito dias depois, acatando
o conteúdo desta carta, Dom Pedro de Alcântara, então príncipe regente do
Brasil declarava: "Como é para o bem
de todos e felicidade geral da nação, estou pronto: diga ao povo que
fico!".
Em 17 de janeiro de 1822, José
Bonifácio era nomeado como Ministro e Secretário de Estado dos Negócios do
Reino - o primeiro brasileiro a ocupar um cargo semelhante. A partir daí os ideais
de José Bonifácio foram se fazendo cada vez mais compartilhados pelo príncipe.
Diversos fatos se sucederam
neste ano de 1822, tornando cada vez mais insustentável a união de Brasil e
Portugal. Em 14 de agosto, Dom Pedro partiu em viagem à província de São Paulo
e no final deste mês, chegaram ao Rio de Janeiro três navios de Lisboa, com
notícias de que as Cortes tinham decidido reduzir o príncipe a simples delegado
temporário, e mandariam processar todos quantos tivessem procedido contra sua
política, visando atingir José Bonifácio.
Diante dos acontecimentos,
José Bonifácio enviou ao príncipe uma carta, em que se lia:
"O
dado está lançado e de Portugal não temos a esperar senão escravidão e horrores.
Venha V.A. quanto antes e decida-se, porque irresoluções e medidas d'água
morna, à vista desse contrário que não nos poupa, para nada servem e um momento
perdido é uma desgraça".
O emissário, Paulo Emílio
Bregaro, encontrou D. Pedro que voltava de Santos, leu os papéis, demonstrou sua
grande indignação, e, ao encontrar a Guarda de Honra que o esperava nas margens
do riacho Ipiranga, comunicou que as Cortes queriam "massacrar" o
Brasil. Eram quatro e meia da tarde de 7 de setembro de 1822, e o príncipe, num
verdadeiro brado, exclamou: "É
tempo! Independência ou morte! Estamos separados de Portugal".
A influência e comando de José
Bonifácio se fizeram sentir nos momentos seguintes à independência, organizando
o recém-criado país e tomando parte em uma Assembleia Constituinte. No entanto,
pressões políticas o fizeram ser destituído do cargo de Ministro em julho de
1823 e terminaram com a dissolução da Assembleia Constituinte em novembro deste
ano. Historiadores comentam que uma das grandes influências a este rompimento
de Dom Pedro com José Bonifácio teria sido a amante do agora Imperador,
Domitila de Castro Canto e Melo, que mais tarde receberia o título de marquesa
de Santos, numa clara provocação a José Bonifácio que era natural desta cidade.
José Bonifácio foi preso e
condenado ao exílio, em 20 de novembro de 1823. Diante das graves e sérias
instabilidades políticas e sociais, Dom Pedro revogou seu banimento e José
Bonifácio retornou ao Brasil em 1829, restabelecendo sua amizade e influência
perante o Imperador. Diante da instabilidade também em Portugal, Dom Pedro
deixou o Brasil em 1831, abdicando do trono em favor de seu filho, que contava
com cinco anos de idade, o futuro D. Pedro II. O imperador assinou um decreto
em que nomeava "tutor dos meus amados
e prezados filhos ao muito probo, honrado e patriótico cidadão José Bonifácio
de Andrada e Silva, meu verdadeiro amigo".
No entanto, não teve muita
oportunidade de influenciar o seu pupilo, pois logo em seguida, movimentos das
regências trinas e a conturbação política daqueles tempos logo viram em José
Bonifácio um representante de Dom Pedro I e alguém a ser combatido.
José Bonifácio abandonou a
vida política e passou o restante de seus dias em reclusão, em sua casa na ilha
de Paquetá, dentro da Baía da Guanabara.
A Rua José Bonifácio foi
originalmente criada no município de Caçador através do Decreto-Lei nº 3, no
ano de 1944. Localizava-se em continuidade com a então Rua Itororó, sendo este
encontro junto do entroncamento com a Rua Campos Novos, exatamente onde a Rua
Itororó (hoje Rua Victor Baptista Adami) faz uma pronunciada curva.
O crescimento da cidade
naquela região fez com que a rua fosse “incorporada”, ainda que de maneira não
oficial, pela Rua Itororó, fazendo com que o nome desta última passasse a
designar também a primeira.
Apenas em 1966, com a edição
desta Lei, a Rua José Bonifácio voltou a fazer parte do quadro de ruas de Caçador,
em nova localização, no bairro Paraíso.